“A casa do pó” – Fernando Campos
Partindo do Itinerário de Terra Santa, publicado no século XVI, Fernando Campos reconstrói e ficciona a história de Frei Pantaleão de Aveiro, cujas origens incertas são aproveitadas para preencher as lacunas de um relato de viagem que sobreviveu aos séculos.
João, noviço franciscano de vocação frágil, é um jovem sem passado nem origens. Apesar disso, aceita ser ordenado e embarca numa viagem em busca da fé, da verdade e de si próprio. Durante a sua jornada até à Terra Santa, confissões pouco claras, encontros inesperados e assaltos perigosos trazem ao de cima a explicação do seu nome franciscano (Pantaleão de Aveiro), as revelações que ambicionava… um passado que já não pode reaver.
Apesar de as minhas experiências com romances históricos terem sido, até à data, bastante positivas, este não correspondeu às minhas expectativas. O cerne da intriga perde-se nas longas descrições do narrador sobre as terras por onde passa, os costumes com que se depara e os acontecimentos no seio da igreja católica. Embora a inclusão destas observações seja compreensível, por respeito ao Itinerário que despoletou o conceito deste livro, penso que podia ter sido feito de um modo menos pesado e aborrecido, articulando-as com o enredo em vez de as condensar em parágrafos massudos.
Consequentemente, aquilo que podia ter sido um romance cativante sobre a descendência oculta da realeza portuguesa e as peripécias de uma jornada repleta de perigos acabou por se revelar um manual para os aficionados do catolicismo e de retratos bastante exaustivos das paisagens e matizes culturais que compunham a bacia mediterrânica do século XVI.
Assim, tratando-se de um livro que apenas me despertou interesse no início e no final, A casa do pó não se encontra entre os livros que recomendaria aos meus amigos leitores.