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H-orizontes

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10
Jul22

“Se isto é um homem” – Primo Levi

Helena

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Neste relato autobiográfico, Primo Levi descreve a sua experiência desde que foi levado para a Polónia pelos nazis até ao fim dos onze últimos meses do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Se isto é um homem é o registo dos males do quotidiano dos prisioneiros do campo que, em conjunto, constituem a terrível e implacável máquina de extermínio nazi.

“Ninguém deve sair daqui, pois poderia levar para o mundo, juntamente com a marca gravada na carne, a terrível notícia do que, em Auschwitz, o homem teve coragem de fazer ao homem.”

Esta não é uma história sobre o terror e a barbárie em grande escala que o regime nazi trouxe ao mundo durante a Segunda Guerra Mundial, mas sim uma história sobre aquilo que resta num homem depois de lhe ser retirado o último vestígio de dignidade. Assim, apesar de não ter sido o relato mais chocante sobre o Holocausto com que já me deparei, foi certamente dos mais exasperantes do ponto de vista humano. Se isto é um homem é a materialização do passar lento das horas sob o sol, a neve e a chuva, da inércia anímica de uma massa outrora humana a que se sugou a noção de civilização e a vontade de viver. Para além disso, levou-me a considerar aspetos da vida nos campos de concentração com que nunca fora confrontada: as chagas nos pés reabertas a cada manhã pelos sapatos rústicos e desirmanados, os pequenos negócios levados a cabo para a obtenção de um ou outro benefício, ou a autêntica Babel em que prisioneiros de toda a Europa tentavam entender e ser entendidos.

O relato de Levi demarca-se das restantes vozes pela ausência de ódio e rancor face aos perpetradores dos atos atrozes de que foi vítima durante onze meses. O autor descreve o quotidiano do campo como se de uma grande máquina se tratasse, um organismo de que os nazis faziam parte por lhes parecer genuinamente correto, num ato de cidadania e não de raiva. Para além disso, Levi reconhece que o sentimento de revolta não existia porque a nenhum prisioneiro restavam forças para conceber ou levar a cabo uma insurreição. Esgotar os prisioneiros e privá-los da sua humanidade era uma garantia para os alemães de que não se rebelariam – não seriam suficientemente fortes nem capazes de o fazer.

O título do livro é simultaneamente a sua melhor síntese: é isto um homem? Pode considerar-se um homem aquele que espanca outro sem motivo, que priva voluntariamente o próximo das condições mais básicas para uma vida digna? Pode considerar-se um homem aquele que rouba a única posse do outro, que vive na imundície, sem emoções nem força de vontade, que conta as horas em função da chegada do próximo pedaço de pão? O próprio Levi deixa-nos a resposta: “As personagens destas páginas não são homens. A sua humanidade está sepultada, ou eles mesmo a sepultaram, debaixo da ofensa que sofreram ou que infligiram a outrem.”

27
Jun19

"O Diário de Anne Frank"

Helena

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“O Diário de Anne Frank” transporta-nos para a realidade vivida pelos judeus escondidos durante a Segunda Guerra Mundial, dando-nos a conhecer o quotidiano de oito deles. A família Frank mudou-se para Amesterdão quando Anne tinha apenas quatro anos, e aí estabeleceu um modo de vida normal: as crianças iam à escola e o pai trabalhava. Com o começo do governo de Hitler, viram-se obrigados, como judeus, a cumprir as novas leis por ele impostas, ainda que os prejudicassem. Quando receberam a convocatória de Margot, a irmã de Anne, decidiram antecipar a mudança para o esconderijo, que estava prevista para dez dias mais tarde. A partir daí, somos confrontados com a dura realidade de uma família escondida, que tem de ter cuidado com cada ruído que faz, sempre com a chama do receio de ser descoberta acesa.

Com a chegada dos Van Daans e o acolhimento do Sr. Dussel, já se somam oito pessoas a viver no Anexo Secreto. Estar tanto tempo no mesmo espaço, sempre com as mesmas pessoas, origina as brigas que Anne também descreve no seu Diário. Entre pensamentos, esperanças, receios, paixões, zangas e dúvidas, somos envolvidos pelo mundo de Anne Frank e, de certo modo, tornamo-nos parte dele.

Eu achei este livro um pouco monótono, visto que a vida quotidiana num Anexo não pode variar muito.

No entanto, é interessante do ponto de vista histórico, pois descreve a vida dos judeus escondidos durante o Holocausto. É interessante comparar a vida difícil daquele tempo com o nosso quotidiano actual, pois hoje em dia penso que viver em circunstâncias como as dos judeus escondidos é para muitos inimaginável.

O Diário de Anne Frank retrata características da adolescência que, curiosamente, se mantiveram até aos dias de hoje.

Do ponto de vista literário, não é um livro de difícil compreensão, graças à utilização de um vocabulário simples e acessível.

É um livro que nos abre os horizontes e nos põe no lugar de Anne, que, como muitos outros, viveu uma vida de medo e receio e acabou por não sobreviver. Um “clássico” que atravessa gerações e deixa marcas nos leitores.

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