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H-orizontes

H-orizontes

17
Ago21

“The Trials of Apollo – The Hidden Oracle” – Rick Riordan

Helena

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“My name is Apollo. I used to be a god.”

Na sequência da sequela de Percy Jackson, Apolo acorda num beco de Nova Iorque, preso no corpo de um mortal. Como castigo pela sua negligência em relação ao seu filho que quase tinha provocado a destruição do mundo no volume anterior, Zeus condena Apolo a uma temporada na terra, desprovido de todos os poderes que detinha enquanto deus do sol, das artes e da medicina.

É no beco em que acorda e quase é espancado por um par de rufias que o olimpiano encontra Meg McCafrey, uma semideusa de doze anos que Apolo se encarrega de guiar até ao Half-Blood Camp, o campo de treino dos descendentes divinos. Contudo, quando alcançam o Campo, deparam-se com um cenário pouco animador: as comunicações estavam cortadas, os oráculos tinham deixado de funcionar e um estranho fenómeno de desaparecimento de semideuses ceifava membros ao Campo já escassamente povoado.

Esta sequência de acontecimentos e as vozes proféticas dos sonhos de Apolo deixam uma mensagem inequívoca: cabe ao deus, com a ajuda de Meg, descobrir o paradeiro dos semideuses desaparecidos e salvar o único oráculo que ainda não tinha sido afetado pelo fenómeno misterioso – o Oráculo de Dodona. Numa jornada recheada de obstáculos, Apolo e Meg enfrentarão espíritos da peste, formigas gigantes, uma serpente monstruosa e uma personagem temível cuja obsessão pelo poder alimentou a sua sede de glória durante séculos.

O Independent descreveu este livro como “Vastly entretaining”, e eu não poderia estar mais de acordo. O primeiro volume de The Trials of Apollo é uma fonte interminável de boa disposição, partindo da perspetiva da personagem mais engraçada do Olimpo: o orgulhoso Apolo. Como se reduzir uma divindade à condição de mortal não fosse uma premissa suficientemente engraçada por si só, Rick Riordan assegura as gargalhadas dos leitores ao perpetuar o caráter de Apolo nos seus comentários: “After all I had done for Percy Jackson, I expected delight upon my arrival. A tearful welcome, a few burnt offerings and a small festival in my honour would not have been inappropriate.”

Apesar de ser um livro muito leve e de fácil compreensão, mesmo se for lido em inglês, receio que não seja uma leitura muito adequada para aqueles que ainda não leram as sagas de Percy Jackson and the Olympians e The Heroes of Olympus, uma vez que há muitas referências a elas que são essenciais para a construção desta narrativa.

Como seria de esperar, este é apenas o início das aventuras de Apolo no mundo dos mortais, que se desenrolarão ao longo dos dois volumes seguintes. Afinal, o deus castigado ainda tem uma missão a cumprir.

Assim, recomendo este livro a todos os fãs de Percy Jackson que ainda não decidiram que livro devem levar para a praia neste verão.

26
Jun21

"O Canto de Aquiles" - Madeline Miller

Helena

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O primeiro romance de Madeline Miller tem por narrador o jovem Pátroclo, filho de Menécio, que vive sob o permanente desprezo do pai. Pátroclo é uma desilusão para o seu progenitor, e perde por completo a sua consideração quando, após matar o filho varão de outro homem por acidente, é condenado ao exílio.

O castigo, aparentemente terrível para o jovem, acaba por se revelar uma porta para um futuro mais luminoso. Pátroclo é recebido por Aquiles, o filho que Peleu gerara através da violação da nereide Tétis, em Ftia, o território governado pelo seu pai. Apesar de não ter sido a primeira vez que Pátroclo encontrava o semideus, é em Ftia que a sua paixão por Aquiles ganha forma, se avoluma e, finalmente, se revela correspondida.

Aquiles Pelida estava destinado a ser o melhor guerreiro da sua geração – Aristos Achaion, o melhor dos gregos. Ciente do seu futuro glorioso, Tétis envia-o para o Monte Pélion, onde, juntamente com o centauro Quíron e Pátroclo, seu therapon (irmão de armas), será treinado como os grandes heróis.

Durante esse período, Aquiles e Pátroclo aperfeiçoam os seus dotes na caça, na natação, na pesca, na medicina, e fortalecem o laço que os une. A harmonia aparentemente imperturbável do Monte é quebrada pela chegada da notícia do rapto de Helena de Esparta por Páris, o príncipe troiano. É na célebre Guerra de Troia que as capacidades sobrenaturais de Aquiles serão postas à prova, assim como a constância do amor entre Pátroclo e o semideus.

Este livro desiludiu-me imenso. Tinha grandes expectativas em relação a ele, já que todo o feedback que recebia de quem o tinha lido (amigos, booktubers, bookstagrammers) era muito positivo. No entanto, esta leitura revelou-se um fracasso desde o início.

Apesar da premissa promissora e do tema atraente (mitologia clássica é sempre um grande “sim”), o brilho desta história desapareceu juntamente com o caráter das suas personagens. Tanto os protagonistas como as personagens secundárias são muito fracas: falta-lhes densidade, uma personalidade completa, uma matriz marcante. Em vez disso, temos o frágil Pátroclo, o egocêntrico, superficial e perfeitíssimo Aquiles, a imperturbável e irredutível Tétis e o orgulhoso Agamémnon, sendo que todos eles são descritos através das mesmas características, de cada vez que surgem.

Para além disso, a relação que as personagens estabelecem entre si é extremamente irrealista, especialmente no que toca à relação amorosa entre os protagonistas. Aquiles e Pátroclo deparam-se com alguns obstáculos à concretização do seu amor, mas todos eles são externos. Depois de tantos anos juntos, ao longo do seu crescimento e em Troia, seria de esperar que surgisse entre eles algum conflito, como, por exemplo, uma explosão da parte de Pátroclo face à irracionalidade do orgulho de Aquiles e ao seu ego monumental. Contudo, isso não acontece. Pátroclo apela à sensatez de Aquiles apenas uma vez, e acaba invariavelmente por ter de ser ele a sacrificar-se pela cegueira do semideus.

Sendo que esta não foi a primeira vez que li uma adaptação de um mito clássico, não me surpreendeu que o enredo não se focasse na exploração das histórias dos heróis greco-latinos que encontramos nos dicionários de mitologia. Ainda assim, não estava à espera que a autora contornasse o que, a meu ver, é a pedra basilar do mito: o mergulho de Aquiles no Estige e a sua morte pela seta enterrada no seu calcanhar. Esta foi a “gota de água” para a minha impaciência em relação a este romance, cujo desfecho não ultrapassou o que era expectável.

A sensação de que teria sido mais prazeroso ler a obra no inglês original acompanhou-me ao longo de todo o livro. A tradução apresenta falhas óbvias, como a escolha do pronome “tu” para substituir o “you” em diálogos formais, e a musicalidade que a língua inglesa conferiria à história seria, certamente, muito diferente.

Ao nível do estilo, incomodaram-me dois aspetos: os recursos expressivos e a extensão das frases. Os primeiros, porque as comparações se intrometem constantemente na narração e nas descrições, sendo que, por vezes, eram dispensáveis, e porque a autora parece ter uma necessidade doentia de adjetivar: um pulso não pode ser apenas um pulso, mas um pulso flexível. O emprego exagerado de comparações e adjetivos torna-se saturante. As frases, por seu lado, pecam por ser tão curtas. Muitas vezes, as frases curtas contribuem para o ritmo trepidante do livro, para colar o leitor às páginas e o fazer avançar rapidamente de peripécia em peripécia. Neste romance, senti que o seu efeito era o contrário: as frases curtas travavam constantemente a fluidez da ação. Isto acontece, provavelmente porque não há peripécias suficientes para nos fazer saltitar avidamente de frase em frase, ou porque a narração se prende muito com descrições que não resultam em combinação com períodos tão curtos.

Por último, ainda do ponto de vista formal, achei que os tempos verbais estavam mal articulados, alternando entre o passado e o presente quando tudo se passava por ordem cronológica, na mesma linha temporal.

Em conclusão, apesar de cumprir o objetivo enunciado por Pátroclo de eternizar Aquiles por mais do que o que foram os seus feitos em batalha, penso que este herói merecia uma história melhor, que não o limitasse a um conjunto de músculos definidos, olhos verdes e um ego insustentável.

27
Jun19

"Percy Jackson e os Ladrões do Olimpo" – Rick Riordan

Helena

percy (2).jpg

Percy Jackson é um rapaz problemático de doze anos que é sistematicamente expulso dos colégios que frequenta. Certo dia, descobre que, na verdade, é um semideus, filho de um deus grego e de uma mortal, e por isso não é como os outros rapazes. Os semideuses são constantemente perseguidos por monstros, por isso o único sítio seguro para eles é o Campo dos Mestiços, para onde Percy é levado pelo seu amigo Grover, o sátiro encarregado de o proteger. É no Campo que conhece Annabeth, Luke e Quíron, e começa a aprender a viver como um semideus. Mas depara-se-lhe um problema ainda maior: o raio mestre de Zeus foi roubado e Percy é o principal suspeito. Juntamente com Annabeth e Grover, parte numa aventura para recuperar o raio de Zeus até ao Solestício de Inverno, resolvendo o enigma do Oráculo, pois só assim será possível garantir a paz do Olimpo e da Humanidade.

Gostei muito deste livro. Tem uma linguagem muito simples e uma história cativante, a qual é enriquecida pelas referências à mitologia grega. Há passagens que fazem o leitor rir e outras que o põem nervoso, e a vontade de resolver o enigma motiva a ler mais e mais. O livro tem um final surpreendente e deixa-nos curiosos para conhecer a continuação da saga.

http://rickriordan.com/

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