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H-orizontes

H-orizontes

23
Mai21

"Mil Vezes Adeus" - John Green

Helena

Milvezesadeus.jpg

Aza e a sua amiga Daisy estão no último ano do Ensino Secundário e deparam-se com a dura realidade dos custos do ensino superior nos EUA. O destino parece sorrir-lhes quando surge a notícia do desaparecimento de um milionário residente na sua cidade (Indianápolis), cujo filho (Davis) travara amizade com Aza num acampamento para crianças órfãs, anos antes. Determinada a receber a recompensa de cem mil dólares que as autoridades oferecem por informações relativas ao paradeiro do milionário, Daisy convence Aza a reatar os laços com Davis. Apesar das suas intenções iniciais, Aza não consegue evitar sentir o renascer da paixão que o rapaz milionário despertara nela quando eram pequenos.

A investigação de Aza e a sua relação com Davis são ensombradas pelas suas “espirais de pensamentos”, que teimam em toldar-lhe o raciocínio. Ela sofre de um Transtorno Obsessivo Compulsivo que transforma tudo o que a rodeia num mundo de micróbios potenciadores de doenças.

É entre um mistério por resolver, uma paixão por domar e um distúrbio por superar que se desenrola a entusiasmante, comovente e, por vezes, exasperante história de Aza Holmes.

Esta foi a última oportunidade que dei a romances de John Green. Foi o quinto livro deste autor que li, e A Culpa é das Estrelas continua a ser o único de que gostei.

John Green peca pela sua previsibilidade e pela superficialidade das suas personagens. Por muito interessante que seja o retrato da mente de uma pessoa com TOC, esse é o único traço inovador e cativante da protagonista. De resto, o caráter das personagens é comum e a relação entre elas é um grande clichê: uma rapariga com recursos modestos apaixona-se pelo rapaz rico, a melhor amiga acaba por se chatear com ela devido às consequências do seu problema mental e (SPOILER ALERT) fazem as pazes após um acidente de automóvel que põe as suas vidas em risco. Não há profundidade nestas personagens, são uma representação pálida, imperfeita e, até, enervante dos adolescentes: o autor faz questão de introduzir a palavra “tipo” nos diálogos, como se isso contribuísse para um melhor retrato dos jovens de hoje. Por melhor que seja a intenção, incomoda-me, e penso que poderia ter compensado o défice de realismo de outra maneira.

Este livro poderia ser um bom livro, se fosse mais longo. É difícil concretizar com sucesso a premissa desta história num livro tão curto. A relação de Aza com Davis e a investigação da morte de Pickett não evoluem realisticamente, nem de uma forma minimamente plausível. A carga de mistério que podia estar associada ao enredo perde-se entre todos os assuntos paralelos, e nenhum deles acaba por ser desenvolvido da maneira que devia. Um livro mais longo permitiria desenvolver melhor as personagens, adensar a intriga do desaparecimento do milionário e abrandar a evolução da relação entre Aza e Davis.

Assim sendo, apesar de ter sido, como pretendia, uma leitura leve para quebrar um período de livros mais “sérios” e de me ter posto em contacto com uma realidade que não compreendia bem (a de uma pessoa que sofre de TOC), este livro não me fascinou e, certamente, não entrará na minha lista de recomendações.

"Qualquer pessoa pode olhar para ti. É bastante raro encontrar alguém que veja o mesmo mundo que tu."

"Estar viva é sentir falta."
"(...) e nunca ninguém diz adeus a não ser que queira voltar a ver-te."

30
Jun18

"O Teorema Katherine" - John Green

Helena

kath.jpg

Colin Singleton é um jovem prodígio com uma vida amorosa repetitiva e desastrosa. Durante a sua vida, namorou e foi deixado por 19 raparigas de nome Katherine. Destroçado pelo seu último fim de namoro, Colin decide partir com Hassan numa viagem de carro sem destino definido. Acabam, deste modo, por encontrar Gutshot, no Tennessee, e conhecer Lindsey e a sua mãe, Hollis. Esta última propõe-lhes um trabalho a entrevistar as pessoas da terra, que eles aceitam, pelo que Gutshot se torna o destino a que levou a inicial viagem de fim indefinido. Acabam por conhecer mais algumas pessoas da zona, e Colin debate-se com o pedaço que falta no seu interior, fruto da sua última separação. É neste cenário que o jovem prodígio tem o seu “momento eureka”, percebendo que seria possível existir um teorema que conseguisse representar o sucesso das relações amorosas consoante as características de cada um dos membros do casal, o que evitaria que ele ficasse de novo deprimido pelo final de outro namoro. Assistimos a uma mudança na maneira como Colin considera os seus princípios e percebemos que, afinal, ser importante a nível mundial não é uma condição essencial para a nossa felicidade.

Este livro não me impressionou muito. O enredo era previsível e a linguagem muito acessível (se é que é possível que exista linguagem demasiado acessível). Apesar de ser divertido, agradável pela sua simplicidade e com um final razoavelmente bom, a história não tem muito conteúdo nem é densa, apenas conta uma história linear e sem muitas reviravoltas. Apresenta uma lição de moral no fim, recorda-nos que não temos de ser populares para ser felizes, que cada um de nós é único à sua maneira mas que faz parte de uma globalidade da qual não se sobressai sempre. Além disso, confesso, fiquei com uma particular curiosidade em relação a anagramas e à “matematização” de fenómenos do nosso dia a dia. Penso que é um livro extremamente acessível que não chega aos calcanhares de A culpa é das estrelas, pelo que não considero que seja uma leitura prioritária e essencial tendo em conta a existência de obras melhores.

“Aquilo de que nos lembramos transforma-se no que aconteceu.”

“a nossa importância é definida pelas coisas que são importantes para nós.”

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