A valorização das artes, enquanto dimensão fundamental de uma formação de base humanista
Quando pensamos no futuro da Humanidade, a nossa mente é imediatamente invadida pelas conquistas promissoras das ciências e da tecnologia: o desenvolvimento da inteligência artificial, a iminência da vida em Marte, a popularização dos carros elétricos. E a cultura? Na minha opinião, a valorização das artes está intimamente ligada ao progresso da Humanidade.
A expressão artística, desde a pintura à literatura, tem um impacto a longo prazo na formação humanista das gerações. A sua influência presente baseia-se na sua função crítica, através da chamada de atenção para os problemas atuais e para a consequente necessidade de alteração dos valores vigentes. Em "Os Maias", o autor expõe a sociedade lisboeta retrógrada, inculta e fundada em estruturas corruptas da Regeneração, pretendendo abalar os seus alicerces. Quanto ao impacto futuro, a arte é essencial para fomentar o espírito crítivo das gerações vindouras e evitar a repetição dos erros do passado. É nesse sentido que assistimos à proliferação de livros e filmes que abarcam temas como o racismo, a escravatura e o Holocausto.
Em segundo lugar, a valorização das tendências vanguardistas é fundamental para o progresso criativo e a alteração de mentalidades. O estímulo das vanguardas, pela sua ousadia na rutura dos cânones estabelecidos, equivaleria ao fomento da ambição e das capacidades de inovação das gerações no presente. É a sucessão de correntes artísticas, como o Romantismo, o Realismo e o Modernismo, juntamente com os princípios que as definem, que sustenta a metamorfose da matriz subjacente à sociedade ao longo dos séculos.
A valorização das artes surge, assim, como uma dimensão fundamental de uma formação de base humanista, uma vez que possibilita a interpretação crítica do passado e impulsiona o progresso futuro. Assim sendo, considero urgente a edificação da consciência artística na sociedade, a vinda do "Quinto Império" profetizado por Fernando Pessoa, um império espiritual fundado na cultura e no conhecimento. Nas palavras do poeta, "É a Hora!".