“Waiting For Godot” – Samuel Beckett
Waiting for Godot, do Nobel da Literatura Samuel Beckett, é uma peça de teatro que põe no centro do palco Gogo e Didi, dois amigos que estão presos a um compromisso de contornos bastante vagos: um encontro com Godot, uma entidade desconhecida que lhes trará algo que também desconhecem. As únicas personagens que interrompem a monotonia da sua espera, ainda que temporariamente, são Pozzo e Lucky, uma estranha dupla de senhor e servo.
Mesmo quando lhes surge no espírito a ideia de abandonar a paisagem inóspita onde se encontram, Gogo e Didi não se movem. Não podem ir embora, Godot ainda não chegou. Enquanto esperam, o par de amigos tenta preencher o vácuo com hipóteses e reflexões sobre a vida nas circunstâncias hipotéticas de fim da humanidade em que se encontram.
“We always find something, eh Didi, to give us the impression we exist?”
Waiting for Godot é uma peça que se inclui no conceito de Teatro do Absurdo, produções teatrais que partem de ideias existencialistas para expressar a falta de propósito da vida humana. Assim sendo, não é um texto cujo significado é entregue linear e diretamente ao leitor. Por detrás dos diálogos absurdos entre as personagens, vive o reconhecimento da inutilidade de tentar dar sentido à vida, a valorização da amizade e a prova da incapacidade da linguagem para expressar toda a complexidade da experiência humana. Não é uma peça muito entusiasmante, já que quase nada acontece, mas isso faz parte do seu objetivo: colocar sob os holofotes o que resta dos Homens quando a única coisa que têm é a esperança de encontrar o representante de uma metafísica que os mantém à tona.
Mais do que um par de amigos agarrados à esperança da vinda de um tal Godot, esta é uma peça sobre a esperança da humanidade nalguma espécie de libertação, uma salvação, um resgate milagroso da estagnação agonizante da vida. É uma peça sobre aquilo que nos move, e também sobre o que nos faz ficar.