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H-orizontes

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14
Abr20

"O Retrato de Dorian Gray" – Oscar Wilde

Helena

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Dorian Gray é um jovem extraordinariamente belo e inocente, com um passado familiar algo conturbado, que se inicia nas esferas sociais londrinas do século XIX. Basil Hallward é um pintor reservado e bem-educado, que se apaixona por Dorian quando se encontram pela primeira vez e decide pintar-lhe um retrato, a mais bela obra por ele alguma vez concebida. Lord Henry Wotton é um aristocrata com um grande domínio da palavra e de ideais invulgares e algo radicais para a sua época. Henry desperta em Dorian a vaidade e a urgência em preservar a sua mocidade (segundo ele, “a única coisa que vale a pena ter”). Ansiando por contrariar a “brevidade com que ela se desfolha”, Dorian exprime em voz alta o desejo que o domina quando contempla a sua beleza representada no quadro de Basil: “Se fosse eu que ficasse jovem e o retrato que envelhecesse!...”

Para sua surpresa, as suas preces são ouvidas: o quadro não só envelhecerá no seu lugar, como também se revelará um espelho da sua alma, a representação pictórica dos seus pecados, enquanto a sua aparência permanece incólume. Movido pela persuasão perversa de Lord Henry, Dorian envereda por uma vida de delinquência e pecado, sem recear perder a boa reputação que a sua aparência garante junto da sociedade. Mas será que a eterna mocidade suplanta o peso da consciência?

"É o espectador, e não a vida, que a arte realmente reflete."

A minha crítica a este livro é sobretudo positiva. Este clássico da autoria de Oscar Wilde parte de um fenómeno insólito para a elaboração de uma reflexão sobre o impacto da beleza no estatuto social, o impacto das influências externas no indivíduo e a dualidade entre o Bem e o Mal. O enredo e o caráter das personagens encerram uma crítica à sociedade oitocentista (à sobrevalorização da aparência, à infidelidade, à degradação moral, etc.).

Pensava que seria um registo literário difícil, mas revelou-se bastante acessível, sendo apenas necessário que se lhe dedique a atenção devida. Só o capítulo XI se revelou mais comprido e enfadonho, uma vez que se refere à evolução do caráter e dos interesses de Dorian ao longo dos anos, numa descrição longa e detalhada. Também as falas de Lord Henry se tornam, por vezes, aborrecidas, pois constituem grandes parágrafos que transmitem ideias ou constroem raciocínios que se podem revelar confusos. Apesar de ser o elemento central da trama, achei que o facto de o retrato se degradar paralelamente à beleza imutável de Dorian é referido demasiadas vezes ao longo da obra, tornando-se repetitivo.

De resto, considero-o um livro original e cativante. Como “cereja no topo do bolo”, o desfecho agradou-me imenso, algo que raramente acontece! É uma leitura altamente recomendável.

"todo o retrato que é pintado com sentimento é um retrato do artista e não do modelo."

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