Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

H-orizontes

H-orizontes

20
Jul24

“And Then There Were None” – Agatha Christie

Helena

9780061739255_30a459dc-a336-4021-8f4d-c634bbda2443

Oito pessoas que não se conhecem reúnem-se numa ilha isolada na costa de Devon, a propósito em virtude de de um convite por parte de um casal com que nenhum deles é especialmente familiar – os Owens. Quando chegam à mansão minimalista do casal, esperam-nos apenas dois criados, que lhes garantem pouco ou nada saber sobre os donos da propriedade, apenas que estes se juntariam a eles mais tarde. No entanto, nessa noite, um dos convidados morre asfixiado, ainda antes da chegada de qualquer anfitrião. A voz de uma gravação acusa cada um dos convidados de um crime pelo qual nunca foram julgados e que a maior parte deles se esforça por restringir à sua consciência. O círculo de dez figurinhas sobre a mesa de jantar vê-se misteriosamente reduzido a nove.

À medida que os assassinatos se sucedem, os hóspedes começam, em vão, a tentar ludibriar o assassino, que, contrariamente ao que inicialmente pensavam, se encontra entre eles. Mr. e Mrs. Rogers, Vera Claythorne, o Dr. Armstrong, Lombard, Blore, o general MacArthur e Emily Brent cairão um a um, da forma mais incontrolável e imprevisível, no esquema sanguinário do enigmático U. N. Owen.

« He paused: 

"You'll be cold, perhaps, in that thin dress?"

Vera said with a raucous laugh:

"Cold? I should be colder if I were dead!" »

Agatha Christie afirmava que And Then There Were None tinha sido o seu livro mais difícil de construir. Isso é compreensível, já que se distancia dos universos de Poirot e de Miss Marple na medida em que não existe uma personagem externa astuta para juntar as peças da intriga e resolver o mistério. Isto agradou-me sobremaneira, já que costuma incomodar-me a facilidade sabichona com que é costume Poirot chegar-se à frente, no fim dos romances, para explicar detalhadamente todo o sucedido, como se tudo fosse óbvio. Pelo contrário, as figuras da autoridade a que é atribuído o caso destes assassinatos em série interpretam mal os sinais deixados pelos cadáveres na ilha. Assim, por ser um enigma que se desenrola de dentro para fora, compreende-se que tenha sido um romance de elaboração desafiante, mas também que a sua leitura seja extremamente aliciante.

O leitor fica preso neste loop de assassinatos, tentando, em conjunto com as personagens, prever quem vai ser o próximo a morrer e de que forma. O facto de, sabendo isso ou não, dificilmente se poder evitar o encadeamento de assassinatos, aliado à reclusão das personagens numa pequena ilha deserta, confere ao enredo uma forte sensação de claustrofobia e inevitabilidade.

Apenas aponto dois aspetos negativos nesta narrativa: o elevado número de personagens, presas no mesmo sítio e com muitas interações, mas apresentadas todas de seguida logo no início, leva a que seja fácil confundi-las entre si; e a atitude final de Lombard não me pareceu adequada ao desfecho da obra. Fora isso, recomendo este clássico moderno – um mistério intrincado e cativante, como aqueles a que Agatha Christie habituou o seu público.

05
Abr20

“Murder on the Orient Express” – Agatha Christie

Helena

9780062693662_p0_v2_s550x406 (1).jpg

Um Crime no Expresso do Oriente é o romance policial mais célebre de Agatha Christie, constituindo uma obra de referência para os fãs deste género literário.

A ação tem início numa manhã de inverno em Aleppo, na Síria. O detetive Hercule Poirot embarca no Taurus Express em direção a Istambul, onde tencionava passar alguns dias de descanso. No entanto, quando chega ao hotel, recebe um telegrama relativo aos desenvolvimentos de um caso em Londres, o que o obrigará a viajar para lá o mais depressa possível. Assim, Poirot apressa-se a embarcar no célebre Expresso do Oriente. Na sua carruagem, viajam um coronel e uma governanta ingleses (com quem ele contactara durante a travessia no Taurus Express), uma americana tagarela, uma princesa russa, velha, rica e feia, a sua criada alemã, um italiano, um americano de grande estatura, um casal de condes, uma senhora sueca e um rude americano, Ratchett, acompanhado pelo seu secretário e pelo seu criado. A reunião de um grupo de pessoas tão heterogéneo, tanto em termos de faixas etárias como de nacionalidades, numa altura do ano pouco propícia a viagens, constitui uma circunstância invulgar. Esta adquire um caráter ainda mais excecional quando, na manhã que se segue à paragem abrupta do comboio numa linha da Jugoslávia, devido à neve, Ratchett é encontrado morto no seu compartimento, esfaqueado doze vezes. Poirot é encarregado de investigar o assassinato do homem que escondia a sua verdadeira identidade, e que contava com mais inimigos do que aqueles que se esperava. Através de interrogatórios, o detetive analisa a personalidade dos passageiros e os seus alegados movimentos na noite do crime, deparando-se com um quebra-cabeças cuja resolução assenta numa certeza: “The murderer is with us – on the train now…”.

Este policial de renome provocou em mim reações antagónicas. Por um lado, voltei a sentir uma profunda admiração pela capacidade da autora de construir um enigma tão complexo e de explorar profunda e cuidadosamente as personagens, cujo caráter é um fator importante para a resolução do mistério. Por outro, fiquei bastante dececionada quando cheguei ao final. O desfecho é surpreendente, na medida em que difere dos finais a que estamos habituados neste tipo de romances, mas simultaneamente desapontante, pois todo o esforço aplicado ao longo do livro para interpretar as pistas se revela, de certo modo, infrutífero (perceberão porquê, se lerem – no spoilers!).

Poirot é-nos apresentado novamente como uma personagem extraordinária, de perspicácia extrema, que consegue captar todos os pequenos detalhes importantes que pareceriam insignificantes a qualquer outro.

Este livro exige muita concentração da parte do leitor, se quiser manter-se ao nível do raciocínio do detetive, porque os interrogatórios se sucedem rapidamente e as movimentações dos viajantes e as respetivas horas começam a baralhar-se na memória. Tomar notas ao longo da leitura poderá revelar-se útil.

Assim, concluo que gostei deste livro, que li em inglês. Contudo, não compreendo a primazia que lhe é atribuída em relação à restante bibliografia de Agatha Christie, uma vez que apreciei tanto ou mais o policial The ABC Murders, da mesma autora.

17
Jun19

"The ABC Murders" - Agatha Christie

Helena

abc (2).jpg

Após a visita de Mr. Hastings a Hercule Poirot, este último recebe uma misteriosa carta que anuncia a aproximação de um assassinato, assinada por ABC. No dia previsto, realmente, ocorre um homicídio em Andover, em que morreu Mrs. Ascher. A este sucede-se o de Betty Barnard em Bexhill e o de Franklin Clarke em Churston, ambos previamente anunciados por ABC, num desafio ao próprio Poirot. O detetive analisa cada caso e interroga pessoas suspeitas, acumulando pistas e tentando constantemente perceber a mente do assassino, um suposto louco. Só depois do assassinato correspondente à letra D se avista luz ao fundo do túnel: o engano do homicida e a entrega à polícia de um homem com problemas mentais que esteve presente em todos os ataques que sucederam...

Gostei bastante deste livro. A sucessão de homicídios e a constante dúvida em relação ao próximo passo do maníaco captam a atenção do leitor, e a típica pista falsa faz-nos suspeitar do indivíduo errado até ao fim. As personagens são bem caracterizadas e alguns pormenores revelam-se importantes para o desfecho. O vocabulário é muito acessível, mesmo que na edição inglesa, e a narrativa é cativante. O primeiro livro que li desta autora, e que me deixou uma boa impressão e interesse para mais leituras do género.

 

Mais sobre mim

Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Pesquisar

Bem vindo

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.