"Os meninos que enganavam os nazis" - Joseph Joffo
Joseph Joffo, uma criança judia parisiense, é vítima de uma das maiores catástrofes da Humanidade: a 2ª Guerra Mundial. Juntamente com o seu irmão Maurice, sai de casa, deixando os pais, com o intuito de alcançar a zona livre e aí ficar seguro. Os irmãos tomam consciência da grande quantidade de pessoas afetadas pelo fenómeno nazi e depressa os meninos que jogavam ao berlinde no recreio têm de crescer e saber sobreviver sozinhos por caminhos desconhecidos. Joseph e Maurice conseguem manter-se à margem da tragédia e, à medida que o exército nazi avança, eles fogem das garras alemãs uma e outra vez. Uma história verídica, vivida pelo narrador, que retrata o cenário da França ocupada do ponto de vista de um menino, que se viu afetado por uma perseguição devida a algo de que ele nem compreendia o significado: ser judeu. Uma história de coragem, perspicácia e esperança numa altura em que reinava a ditadura, o racismo e o medo.
Neste livro, ao contrário do que eu esperava, não se relata a história de dois meninos que foram apanhados pelos nazis e conseguiram escapar de um campo de concentração. São, sim, duas crianças que se veem obrigadas a deixar a sua cidade-natal e que conseguem, por entre uma série de peripécias, evitar que os alemães os detenham e levem para aquele que tinha sido o destino de muitos. Achei muito interessante o facto de se tratar de uma história verídica, autobiográfica, e verifiquei mais uma vez a característica inocência da narrativa de crianças sobre a 2ª Guerra Mundial (ver O Rapaz do Pijama às Riscas). É um livro muito leve, muito distante da dura realidade dos campos de concentração, mas que não deixa de nos fazer pensar nas dificuldades que os judeus passaram e na tamanha injustiça que constituiu o antissemitismo nazi. No final, o autor acrescenta um posfácio para esclarecimento de dúvidas, em que refere algumas correções ao filme posteriormente realizado, por exemplo, a caracterização do pai ou da personagem do padre. Já tive oportunidade de ver (parte) do filme e, realmente, a adaptação poderia estar melhor.