“The Pearl” – John Steinbeck
La Paz é uma aldeia costeira orlada pelas cabanas de uma comunidade de pescadores pobre, sujeita ao poder dos que possuem a autoridade do alfabetismo. Nesta aldeia vivem Kino e a sua família, Juana e o bebé Coyotito, que sobrevivem à base da pesca e da apanha de pérolas no mar às suas portas.
Tudo muda quando, um dia, Kino encontra a chamada Pérola do Mundo – uma pérola gigante cujo brilho reflete uma infinidade de possibilidades. Kino começa a esboçar os destinos que daria ao dinheiro que ganharia com a venda daquela pérola: o seu casamento com Juana, a educação empoderadora do seu filho e o poder alucinante que poderia ter na aldeia se tivesse uma arma.
Contudo, nem tudo é tão belo e promissor como o brilho da pérola fazia prever. A notícia da descoberta de Kino espalha-se rapidamente pela comunidade, e não tardam a surgir tentativas de roubo da Pérola do Mundo. Em pouco tempo, a inveja e o oportunismo dos indivíduos alcança proporções inesperadas – roubos, simulações e tentativas de manipulação, consequências extremas da posse de uma oportunidade de emancipação.
« “I am man,” and that meant certain things to Juana. It meant that he was half insane and half god. »
The Pearl é uma novela bela na sua simplicidade. Esta história curta é mais intensa pela mensagem que lhe é implícita do que pelas palavras que Steinbeck escolheu para a contar.
“For it is said that humans are never satisfied, that you give them one thing and they want something more.” Esta célebre citação sintetiza o problema central desta novela: a crueldade materialista dos homens, cuja ambição desmedida os leva a cobiçar os bens alheios e as possibilidades mais remotas.
Gostei particularmente que o autor tenha dotado a personagem de Kino da herança familiar de associar os momentos e as sensações a melodias. Assim, enquanto, na cabeça de Kino, tocavam as canções da pérola, do inimigo ou da família, os leitores acompanham a narrativa como se esta fosse complementada por uma banda sonora, o que intensifica todas as suas sensações.
Em conclusão, The Pearl é um livro ideal para quem não tem muito tempo para ler e não gosta de construções narrativas muito complexas nem de linguagem rebuscada. Para quem tem muito tempo para ler e gosta de narrativas mais complexas e de um bom emprego da linguagem, é ideal também.
"A plan is a real thing, and things projected are experienced."