"Perguntem a Sarah Gross" – João Pinto Coelho
1968, Shelton, Estados Unidos da América. Kimberly Parker, uma jovem professora de literatura, é recebida no Colégio St. Oswald’s por Sarah Gross, a diretora, a fim de se candidatar a um lugar no grupo docente. Graças ao período de modernização impulsionado pela nova diretora, Kimberly é aceite num dos colégios mais prestigiados do país e acompanha de perto o choque provocado pelas mudanças na instituição e a postura firme da reservada diretora em relação a elas.
1923, Oshpitzin, Polónia. Determinado a estabelecer-se na terra natal dos seus antepassados, Henryck Gross, juntamente com a sua mulher e a sua filha, regressa a Oshpitzin, a pequena cidade polaca cujo nome ficará gravado para a posteridade como Auschwitz. Graças à prosperidade da indústria familiar, os Gross desfrutam de uma vida estável e folgada na Polónia do pós-guerra. Com o passar dos anos, as ameaças à paz frágil acentuam-se: a Alemanha retoma a produção de material bélico, Hitler sobe ao poder, o respeito pelas minorias está longe de ser praticado e a tensão crescente é quase palpável.
Duas linhas temporais, aparentemente tão distintas, acabarão por se cruzar através de duas personagens, ícones da coragem, resiliência e força de caráter dos sobreviventes à barbárie nazi.
A construção deste romance resultou, nitidamente, de um estudo intensivo acerca dos períodos retratados. Assim sendo, constitui uma ótima oportunidade para obter ou aprofundar conhecimentos sobre o pós-1ª Guerra Mundial e a 2ª Guerra Mundial, algo particularmente relevante para os estudantes de História A, no 12º ano.
Chocou-me particularmente a ação alemã em relação aos professores universitários da Jaguelónica em 1939.
Paralelamente ao antissemitismo nazi dos anos 30 e 40, é retratado o racismo dos anos 60 e 70 nos Estados Unidos da América, personificado pela relação entre Dylan, filho de um candidato a senador conservador, e Justin, o primeiro aluno negro do Colégio St. Oswald’s.
As impressões que este livro me deixou são, no entanto, predominantemente negativas. Apesar de reconhecer que a reviravolta final está muito bem conseguida, alterando a perceção de grande parte do romance, penso que isso não compensa o tédio com que percorri a maior parte das suas páginas. O discurso não me cativou muito e, sobretudo, narrar através da primeira pessoa, numa linha temporal, e da terceira, na outra, não me pareceu a opção mais acertada. Penso que uma narração na terceira pessoa se adaptava perfeitamente a toda a narração.
Em retrospetiva, apesar dos picos de emoção e das aprendizagens que me proporcionou, esta leitura ficou aquém das minhas expectativas.
"(...) há sempre um mau prenúncio num brinquedo abandonado."