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H-orizontes

H-orizontes

25
Set20

O amor e as relações humanas

Helena

Como John Donne afirmou, "nenhum homem é uma ilha isolada". As relações interpessoais são essenciais para o equilíbrio emocional e para o bem-estar do ser humano. Entre elas, contam-se as relações amorosas, embora, como dita a célebre máxima, "nem tudo sejam rosas".

A paixão pode ser uma fonte de felicidade, de sonhos e um estímulo para a auto-superação. O amor é, frequentemente, a causa da mudança de comportamentos de um indivíduo. Podemos apontar o exemplo de Simão Botelho, personagem principal da novela passional "Amor de Perdição", jovem irreverente e sanguinário que, quando atingido pela seta do Cupido, se tornou um estudante exemplar.

Quando ama, o indivíduo descobre em si próprio capacidades que desconhecia, como a resistência a situações adversas, a criatividade e a persistência. Aprende a pôr-se no lugar do outro, a saber ouvir e a dar o melhor de si, sem que isso custe - dizem que "correr por gosto não cansa".

Paralelamente ao amor contretizado que desperta alegria nos apaixonados, surge o amor impossível, marcado pelo sofrimento. Esta paixão, ainda que seja, por vezes, correspondida, traduzir-se-á numa relação platónica, limitada pela impossibilidade da concretização física e condenada ao fim, mais tarde ou mais cedo. Estas relações foram retratadas ao longo dos tempos em várias e célebres obras: em "Romeu e Julieta", de William Shakespeare, que narra a história de um amor impossibilitado pelas rivalidades entre as famílias dos apaixonados, por exemplo.

Em conclusão, o amor é um sentimento intrínseco à condição humana que, para além de felicidade, pode despertar dor e sofrimento no âmago daqueles que amam.

18
Set20

"A ridícula ideia de não voltar a ver-te" – Rosa Montero

Helena

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Quem foi Manya Sklodowska? A maior parte de nós não associaria este nome à célebre mulher que foi a primeira a receber um Prémio Nobel, a primeira a licenciar-se em Ciências na Sorbonne, a primeira a doutorar-se em Ciências em França, a primeira a ter uma cátedra, … a responsável, juntamente com o seu marido, pela descoberta do polónio e do rádio e pelo desenvolvimento dos estudos sobre a radioatividade.

Manya Sklodowska, que adotou, depois de casar, o nome Marie Curie, ultrapassou, na infância, a morte da mãe, quebrou os preconceitos sociais, dedicou-se ao trabalho que a apaixonava com todas as suas forças e tornou-se um ícone, não só na História da Ciência, como também para as mulheres que se deparam com um caminho pejado de obstáculos até ao seu objetivo.

Este livro dá-nos a descobrir a vida fascinante da cientista polaca enquanto mulher robusta, persistente e austera, e põe-nos em contacto com o seu lado mais sensível e humano, uma vez que se baseia num documento muito especial: o diário de Curie durante o primeiro ano após a morte de Pierre Curie, o seu marido. “Mas este não é um livro sobre a morte” e, como tal, Rosa Montero não se limita a realçar as emoções da cientista após a perda do seu cônjuge e a estabelecer um paralelo com a sua própria experiência de luto. A ridícula ideia de não voltar a ver-te engloba, também, reflexões sobre temas variados, como a evolução do papel da mulher na sociedade, a intimidade de um casal e a ambição, o que o enriquece infinitamente.

A experiência de leitura  deste livro pode ser sintetizada pela célebre expressão “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Recebi-o com uma certa estranheza, por não se tratar de um romance “comum”, mas sim de uma mistura peculiar de biografia, autobiografia e depósito de reflexões. Contudo, à medida que avançava na leitura, este novo registo cativava-me cada vez mais.

Aquilo que me pareceu mais bizarro neste livro foi a utilização de hashtags por parte da autora, para sinalizar temas ou conceitos fulcrais das suas reflexões. Esta peculiaridade, que, inicialmente, me pareceu um pouco descabida, revelou-se uma estratégia inteligente para permitir aos leitores localizar as reflexões com base num índice de hashtags, no fim do romance.

A ridícula ideia de não voltar a ver-te conjuga a brutalidade das emoções que transparecem no diário de Marie Curie, uma visão diferente em relação à morte e ao luto (“na nossa sociedade a morte é vista como uma anomalia e o luto, como uma patologia”), um discurso feminista e uma forte intertextualidade, com referências que vão desde Fernando Pessoa a Georges Braque.

“Quando nos libertamos da ilusão da nossa própria importância, tudo mete menos medo.”

"Afinal, os vivos não passavam de projetos de cadáveres."

“Para viver temos de narrar-nos; somos um produto da nossa imaginação”

12
Set20

"Longa Pétala de Mar" – Isabel Allende

Helena

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Numa Espanha mergulhada nas trevas da Guerra Civil, Víctor Dalmau, paramédico, Roser Bruguera, viúva do seu irmão Guillem, e Carme, sua mãe, contam-se entre os milhares de refugiados que, na Retirada de janeiro de 1939, se viram obrigados a fugir da Barcelona invadida pelos franquistas. Apesar da frieza e do repúdio dos franceses face às vagas de republicanos desesperados e dos tempos duros nos campos de refugiados da fronteira, a força e perseverança de Víctor e Roser permitem-lhes sobreviver à travessia e embarcar no Winnipeg, um navio chileno da responsabilidade de Pablo Neruda que transportaria refugiados espanhóis para o Chile, essa “longa pétala de mar”. Do outro lado do mundo, iniciam uma nova vida, que se revelará repleta de alegrias, paixões e novas oportunidades, mas que será também marcada pelo medo, pela insegurança, por desilusões e pelo fantasma doloroso das memórias da Guerra Civil espanhola. 

Através das suas páginas, Longa Pétala de Mar leva-nos numa jornada pela História do século XX, desde as trincheiras republicanas espanholas e a miséria do povo em tempo de guerra, à emergência de um regime de esquerda no Chile e ao posterior golpe de Pinochet.

Quando comecei a lê-lo, este livro agarrou-se a mim “com unhas e dentes”. Isto deveu-se tanto ao facto de retratar uma época que me interessa particularmente (a Guerra Civil espanhola) como à escrita simples e cativante de Isabel Allende, cuja literatura para adultos nunca tinha experimentado. Com o avançar da narrativa, o meu entusiasmo foi esmorecendo, em proporção com a intensidade do relato e com a dimensão emotiva das peripécias. Com a mudança para o Chile, o contexto em que a família se insere altera-se, assim como as suas preocupações e ocupações, numa rotina reformulada que pode tornar-se um pouco aborrecida.

Apesar de os últimos capítulos conferirem uma última reviravolta à ação e uma explicação em relação ao destino de algumas personagens (este é daqueles livros que quase não deixa pontas soltas), penso que poderiam ser dispensados. Pontilhados de situações forçadas e reflexões, não me parece a melhor maneira de encerrar este romance.

Conjugando a crueldade da guerra, o sacrifício pela sobrevivência, o poder do amor, a luta pela paz e a imprevisibilidade do destino, Allende constrói um livro imersivo, cuja história engloba a vida inteira das suas personagens principais, sem deixar de incluir no elenco de secundárias figuras icónicas como Salvador Allende e Pablo Neruda.

11
Set20

Can teenagers make a difference in the world?

Helena

“Be the change you want to see in the world” – Mahatma Gandhi.

In my opinion, teenagers can make a difference in the world, once they are the base of the future which is being built and they have some tools that allow them to spread their word worldwide. Besides, teenagers are not usually expected to take global issues seriously and they can use it in their favour.

As we all know, teenagers are the adults of the future. Therefore, most of their actions will define the path of our world in the next decades, or even in the next centuries. For instance, the industrial revolution took place in the 1700s and we are still dealing with its consequences. Not so long ago, the use of CFCs led to the accumulation of greenhouse gases on the atmosphere that increased climate change’s pace. Teenagers now hold the responsibility of having an impact on their future lives by doing the opposite: by taking action in order to fight resource depletion, climate change, poverty and hunger, so as to make this world a better place.

Secondly, teenagers can take advantage of their skills and make a change through the means they master the best: social media. Digital platforms such as Twitter, Instagram and Facebook give young people the opportunity to raise their voice and to be heard by everyone, once Internet users are connected to people in every corner of the planet. Influencers play a major role in today’s society, as they are seen as role models by the ones who follow them. There are lots of teenager influencers, so if they make a change in their habits to protect our planet, probably their followers will do the same. This works not only for environmental questions, but also for ethical ones. During the Black Lives Matter movement, for example, many influencers expressed themselves through social media and urged people to adopt peaceful and tolerant behaviours.

Finally, it is well known that teenagers are not expected to be informed nor to make an impactful move in relation to global issues. Therefore, when they prove to know what is happening and start expressing themselves, society takes it as shocking. In my opinion, the shocking effect that revolted teenagers have on people is favourable for a change of habits and points of view. It makes one question his or her actions and realize the seriousness of some issues that he or she underestimated. For example, Greta Thunberg started a wave of school strikes to draw people’s attention to environmental issues, which has spread all over the world. Young people’s demonstrations caught everyone’s eye and Greta’s movement urged governments and important organizations to take action in relation to the fight against climate change.

To conclude, I think that Gandhi’s quote is wise and that it can be followed by everyone, even by teenagers. As Emma Watson said, “If not we, who? If not now, when?”.

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(Exame de Inglês, 11º ano, 2020, 1ª fase)

 

09
Set20

"Varjak" - S. F. Said

Helena

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Longe do bulício da cidade, na casa da condessa, vive uma família de gatos azuis-russos. Descendentes de Jalal, estes gatos nunca abandonaram a segurança da casa, os cuidados da condessa e os seus privilégios enquanto gatos domésticos.

Certo dia, com a chegada de um cavalheiro sinistro e dos seus misteriosos gatos negros, após a morte da condessa, tudo parece prestes a mudar. No entanto, só Varjak Paw, o mais curioso da família, e o seu avô se apercebem da ameaça que os novos inquilinos representam. Assim, Varjak, o único gato do círculo familiar com olhos “da cor do perigo”, ousa saltar os muros da propriedade a fim de fazer o que é preciso para salvar o futuro da vida na casa da condessa: descobrir e percorrer o caminho de Jalal e comunicar com um cão, o único ser que poderá expulsar o cavalheiro e os seus gatos para sempre. Durante a sua busca, Varjak depara-se com os perigos da vida na cidade, faz novos amigos e, principalmente, parte numa jornada de autodescoberta através dos ensinamentos de Jalal e das sete aptidões do seu Caminho: a Mente Aberta, o Conhecimento, a Caça, a Câmara Lenta, os Círculos em Movimento, o Andar de Sombra e a Autoconfiança.

Varjak, um livro infanto-juvenil, não só é uma leitura agradável, como também enriquecedora em termos pessoais e morais. Descobrimos com Varjak Paw a importância de sairmos da nossa zona de conforto, de enfrentarmos os nossos medos, de rompermos com tradições limitadoras, de nos mantermos abertos a novas aprendizagens e de confiarmos nas nossas capacidades.

Para além de alertar os leitores para questões como o preconceito e o racismo, este livro chama a atenção para o desrespeito do Homem face à Natureza e à vida animal.

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Apesar de, no geral, ter gostado do livro, achei que algumas personagens estão longe de ser bem construídas, como é o caso do cão, e que devia ter havido um maior cuidado na revisão do texto, já que, nesta edição (Gailivro, 1ª edição), há algumas gralhas e muitas vírgulas mal colocadas.

Todos temos uma “casa da condessa” dentro de nós, e a verdadeira vida começa no momento em que nos dispomos a transpor os seus muros.

02
Set20

"Desvio" – Ana Pessoa

Helena

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Miguel é um rapaz de dezoito anos que está a viver um ano péssimo: o seu cão morreu, não passou a matemática, foi operado ao joelho e a Susana quis que fizessem uma pausa na sua relação.

É quando os seus pais vão de férias e ele fica sozinho em casa que nos são dados a conhecer os seus pensamentos, a sua vida e a sua personalidade. Miguel é um rapaz solitário que gosta de videojogos, de tirar fotografias, de fumar e de marcar a diferença. Numa viagem através da sua mente, somos convidados a refletir sobre a afirmação da nossa individualidade, a passagem contínua e cíclica do tempo, o amor, a felicidade, o futuro, o papel das redes sociais na atualidade e a permanente espera por “algo que não sei o que é”.

Ana Pessoa regressa num formato fora do comum, mas mantém o seu estilo tão característico: põe no papel os pensamentos dos adolescentes, completamente desprovidos de embelezamentos e filtros. Franca, engraçada e sem papas na língua, Ana Pessoa conquista-nos pela sua capacidade de expressar aquilo que, na maior parte das vezes, não passa da nossa mente.

Tendo lido todos os livros anteriores da autora, tive o prazer de reencontrar nesta banda desenhada a cidade e as personagens de outras histórias, que assim se entrelaçam maravilhosamente.

As ilustrações são muito cativantes, repletas de cores vivas e detalhes que se vão descobrindo à medida que se olha para elas. A disposição das vinhetas é diferente do habitual em certas páginas, e há até algumas que sintetizam numa vinheta o conteúdo que devia estar em várias.

Desvio": nova BD portuguesa acompanha um adolescente que decide passar o  verão sozinho em casa - Showbiz - SAPO Mag

Valeu a pena fazer um “desvio” da minha rota de leituras de verão para descobrir esta novidade literária!

“Mas se calhar a felicidade é isso. Pertencer a qualquer coisa. Estar numa fila.”

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