"Dom Casmurro" - Machado de Assis
O título desta obra remete para a alcunha do narrador, Bentinho Santiago, um homem que decide escrever sobre a sua juventude, numa tentativa de se aproximar dela.
O fio condutor da história baseia-se na relação amorosa de Bentinho e Capitu, a sua vizinha desde a infância, e na obstinação da mãe do narrador em mandá-lo para um seminário, como paga de uma promessa a Deus. Apesar das tentativas de contrariar a vontade da progenitora, Bentinho acaba por ingressar no seminário, onde conhece Escobar, que se tornará o seu melhor amigo.
Com o passar do tempo, a paixão entre Bentinho e Capitu permanece inalterada, contrariamente à segurança do primeiro em relação a ela: os seus ciúmes paranoicos ditarão o desenlace do romance e farão com que a dúvida fique a pairar na mente do leitor.
Este livro foi, para mim, uma grande desilusão. Em vez de ser uma leitura divertida e entusiasmante, foi entediante e aborrecida.
A história é muito simples, quase banal, e a ausência de plot twists ou momentos particularmente emocionantes reduz imensamente o seu interesse.
Apesar de ser contemporâneo de Eça de Queiroz e, por isso, partilhar o seu estilo realista, Machado de Assis tem um discurso que não me atraiu. O que mais me incomodou foi a interrupção da história para observações dispensáveis do narrador (“Perdão, mas este capítulo devia ser precedido de outro, em que contasse um incidente, ocorrido poucas semanas antes, dois meses depois da partida de Sancha. Vou escrevê-lo; podia antepô-lo a este, antes de mandar o livro ao prelo, mas custa muito alterar o número das páginas; vai assim mesmo, depois a narração seguirá direita até ao fim.”)
No entanto, todas as críticas que vi relativamente a este livro são muito positivas.
“A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem janelas, ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões. Outrossim, capelas e bazares, simples alpendres ou paços suntuosos.”
“As pessoas valem o que vale a afeição da gente.”