"Anjos e Demónios" - Dan Brown
O autor do best-seller O Código Da Vinci proporciona-nos um reencontro com Robert Langdon, professor de simbologia em Harvard, que recebe uma chamada alarmante e misteriosa de madrugada: o diretor do CERN (European Organization for Nuclear Research) requer a sua presença na organização o mais depressa possível. A viagem de Robert num Boeing X-33 ultrarrápido até à Suíça leva-o ao ao local de um crime perturbador: Leonardo Vetra, um cientista do CERN que trabalhava de forma a aproximar a religião da ciência, jaz morto no seu gabinete, com o símbolo dos Iluminatti gravado no peito e um olho em falta. Com a chegada de Vittoria Vetra, filha adotiva do cientista assassinado, Langdon é apresentado à tecnologia que eles estavam a desenvolver: a antimatéria. Uma amostra de dez miligramas desta substância contém tanta energia como cerca de 200 toneladas de combustível de foguetão convencional. É "mil vezes mais poderosa do que a energia nuclear. Cem por cento eficiente. Sem subprodutos. Sem radiação. Sem poluição. Uns poucos gramas bastariam para fornecer energia a uma cidade durante uma semana.". Embora possa ser usada como uma fonte de energia limpa, a antimatéria tem também um incrível poder destruidor, e reage quando em contacto com qualquer tipo de matéria - até com o ar. Leonardo Vetra e a filha mantinham a sua investigação em segredo e as partículas de antimatéria guardadas em contentores próprios que, fora do laboratório, se autodestruiriam em 24 horas. É esse o tempo que Langdon e Vittoria têm para evitar uma das maiores catástrofes da história da Humanidade. Um contentor de antimatéria foi roubado e colocado algures dentro da Cidade do Vaticano, onde decorre o Conclave. Para cúmulo, recebem uma chamada de um indivíduo com um estranho sotaque árabe, que anuncia o assassinato de um cardeal preferitti por hora, a partir das oito da noite, até ao "espetáculo final", à meia noite, a hora prevista para a detonação da antimatéria. Numa luta contra o tempo, Langdon e Vittoria percorrem Roma, no encalço do assassino. Conseguirão travá-lo e evitar a destruição do Vaticano por uma irmandade secreta que se julgava extinta?
Anjos e Demónios, confesso, não correspondeu às minhas expetativas. Todo aquele entusiasmo e ânsia de ler mais que senti durante a leitura d' O Código Da Vinci ultrapassou em muito a excitação que este livro me suscitou, talvez porque a arquitetura narrativa de Anjos e Demónios segue os mesmos moldes e, por isso, não me surpreendeu, para além de abordar um tema que não considero tão aliciante. Ainda assim, apesar da familiaridade com a estrutura, a habitual procura do responsável e a urgência de saber como tudo irá acabar cativam o leitor e fazem-no voar pelas páginas. Os livros de Dan Brown constituem sempre uma ótima oportunidade de aprendizagem, embora devamos ter o cuidado de realizar uma pesquisa posterior, para diferenciar os factos da ficção. As personagens são muito bem construídas, de personalidade vincada, e as surpresas sucedem-se até ao fim. Assim, pela rede de personagens envolvidas na intriga e pelas reviravoltas constantes, é difícil sintetizar o enredo do romance. A minha maior crítica dirige-se à rapidez irrealista com que se sucedem os acontecimentos. Como a ação se desenrola em apenas 24 horas, é necessário que tudo aconteça depressa, para que Langdon e Vittoria acompanhem o ritmo dos assassinatos. Isso leva a que algumas conversas, reflexões e deslocações tenham uma duração impossivelmente curta, de acordo com a narração. Apesar disso, gostei do livro, principalmente da última centena de páginas, quando os mistérios são desvendados. Anjos e Demónios conjuga aventura, suspense, drama e romance, num ritmo que nos embala ao longo das frases simples, mas impactantes.
Em conclusão, penso que é um livro que vale a pena ler, ainda que não chegue ao nível d' O Código Da Vinci.