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H-orizontes

H-orizontes

19
Dez19

"Mataram a Cotovia" - Harper Lee

Helena

cotovia.jpeg

Sul dos Estados Unidos da América, 1930.

Jean Louise (ou Scout, para a família e amigos) vive com o irmão, Jem, e o pai, Atticus, em Maycomb County (Alabama), uma pequena cidade dividida pelas categorias sociais e, especialemte, pela cor da pele dos seus habitantes. Atticus Finch, advogado com um grande sentido de justiça, responsabiliza-se por um caso que é, à partida, uma batalha perdida: defender um negro acusado de ter violado uma rapariga branca. Entre brincadeiras de verão com o amigo Dill, uma enorme curiosidade em relação a Arthur Radley, que se mantém fechado em casa há anos, a sucessão de anos escolares e as exigências da Tia Alexandra em relação à sua educação, Jem e Scout acompanham a luta do pai e atentam às lições de vida que ele lhes transmite sensatamente. É uma sucessão de disparates típicos da infância, a descoberta da realidade injusta ao longo do crescimento e um testemunho do racismo que ainda nos nossos dias leva à discriminação e ao preconceito. O título encerra uma metáfora que se descodifica no final do livro, depois de ameaças, perseguições, descobertas, julgamentos, mortes, incêndios, tudo narrado a partir do ponto de vista de uma criança, Scout. Este livro é uma marca na literatura americana e é, como tantos outros, intemporal, pela mensagem de tolerância, justiça e respeito que transmite.

Como só o li uma vez e em inglês, confesso que não terei apreciado este romance tão bem como deveria. Contudo, gostei dele. A narração é muito informal, sem descrições compridas, num tom inocente que faz justiça à idade de Jean Louise. É-nos dado a sentir a sentir todo um leque de emoções: no início, divertimo-nos com as brincadeiras de Scout, Jem e Dill, mais tarde sentimos admiração pela firmeza calma e pelo sentido de dever de Atticus, somos invadidos pela expectativa e revolta aquando do julgamento e acabamos com um toque de compaixão e comoção, não sem antes termos ficado surpreendidos e sobressaltados com as cenas de perseguição. Encara-se o racismo com a inocência infantil, como deve ser visto: um disparate sem sentido. É um livro que nos leva a refletir e que, definitivamente, merece ser lido.

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