Frade - "Auto da Barca do Inferno"
O Frade, no "Auto da Barca do Inferno", representa os vícios e pecados apontados aos membros do clero da época vicentina.
Em vida, o Frade praticou ações contrárias aos valores da Igreja, das quais são provas a moça, a espada e o broquel que o acompanham quando se apresenta em cena. Assim sendo, esta personagem desrespeita o voto de celibato e contraria os valores de defesa da paz característicos do seu estrato social.
Na minha opinião, os comportamentos do Frade são despropositados e desadequados, dado o seu estatuto de representante da Igreja. A meu ver, o menosprezo do voto de celibato é hipócrita, uma vez que o fez consciente e voluntariamente. O facto de o padre se dispôr a exemplificar movimentos de esgrima mostra a prática de atividades violentas pelos membros do clero, contrária aos ideais de paz e harmonia clericais.
Para além disso, o Frade, que devia ser um modelo de integridade e responsabilidade, apresenta-se no cais das Barcas cantando e dançando, um comportamento que não se enquadra bem na sua situação.
Assim, concluo que o Frade revela um comportamento invulgar tanto em vida como após a morte, merecendo as críticas e o destino que lhe são atribuídos.