O mar em perspetiva
Para mim, o mar representa liberdade, descobertas, sonhos e oportunidades.
Portugal, como país mais ocidental da Europa, sempre esteve com ele relacionado ao longo da sua história. Os Descobrimentos são o período mais relevante quanto à ligação dos portugueses com o mar, sendo conhecidas as suas descobertas ultramarinas e as riquezas trazidas das terras alcançadas pelos navegadores que se aventuraram pelo mar desconhecido. Esse contacto constante com o oceano serviu de inspiração a diversos artistas e escritores, tais como Marques de Oliveira e João Vaz, que o retratam em algumas das suas pinturas, e Sophia de Mello Breyner Andresen, em cuja obra a presença do mar é frequente, como no livro Menina do Mar e no poema Ondas.
O mar pode ser visto como uma fonte de prazer e lazer, como é o caso das praias, das viagens marítimas e da prática de desportos náuticos, mas pode também constituir uma oportunidade de crescimento económico, através da pesca, da produção de energia renovável, como a energia das ondas e das marés, e da investigação científica da biodiversidade e do relevo oceânico.
O mar representa uma força criadora, pois alberga uma vasta biodiversidade, pode ser a base para a produção de energia e é nele que se encontram os riftes médio-oceânicos, responsáveis pela movimentação das placas litosféricas e pela criação de crusta oceânica, expandindo e renovando o fundo marítimo. Por outro lado, é uma força destruidora, como é verificado com a ocorrência de tsunamis, como este maremoto no Japão noticiado pelo The Guardian, e com as elevadas perdas humanas devido a tempestades no mar, tanto no tempo dos Descobrimentos devido às correntes marítimas e sobrecarga das naus, como na atualidade devido às condições atmosféricas adversas.
Para respeitar o mar, é essencial travar a poluição aquática, que põe em risco as espécies marinhas e a qualidade da água. No que toca à sensibilização, a ação das campanhas publicitárias, tais como as da WWF, são uma medida a considerar. Proibir a pesca de espécies em vias de extinção e de espécies de tamanho reduzido, dado que estas são a base das cadeias alimentares marítimas e o seu desaparecimento poria em risco todas as cadeias alimentares, incluindo a nossa. Para além disso, é essencial evitar a sobreexploração de recursos marinhos, para evitar o seu esgotamento.
O facto de a população do interior do país não ter, em certos casos, a oportunidade de estar em contacto com o mar durante toda a sua vida, dificulta a promoção da sua proteção, dado que não estão em contacto com essa realidade e não sabem que papel podem tomar nessas iniciativas.
Assim, concluo que o mar é uma fonte de prazer, lazer, inspiração, criação e destruição, que está sempre aberto para novas descobertas e oportunidades.